PÁRA TUDO!...


...o Astronauta ouviu o álbum do ano. Chama-se "Playing The Angel" e pertence aos senhores da foto. Exageros de um velho devoto? Claro que sim. E, porque não? Afinal, e como alguns de vós terá oportunidade de comprovar daqui a duas semanas, "Playing The Angel" não é apenas o melhor trabalho dos DEPECHE MODE desde "Songs Of Faith And Devotion", mas seguramente um dos melhores discos da carreira da banda de Basildon.
"Playing The Angel" confirma o regresso do trio a uma sonoridade dominada por electrónicas sombrias, pontualmente salpicadas por guitarras sujas e até agressivas, ambientes densos e uma intensidade vocal e lírica que evoca os tempos de "Black Celebration" e "Violator". Este é também o regresso dos Depeche Mode às grandes canções, às canções com cabeça, tronco e membros. Temas como "Suffer Well" (uma bomba pop escrita por Gahan!), "Lillian", "John The Revelator" (demolidora!), "I Want It All" (Arrepiante! Outra pequena maravilha da autoria de Gahan!), "The Pain I'm Used To" e "The Darkest Star" estão ao nível do melhor que a banda nos ofereceu no passado.
"Playing The Angel" é o disco que "Ultra" e "Exciter" não conseguiram ser. Faltou-lhes a consistência, a coragem e a inspiração que aqui se exibe. Pela primeira vez desde o seu abandono, não senti a ausência do "mago" Alan Wilder. Desde "Songs Of Faith And Devotion" que os Depeche Mode não me soavam, ao mesmo tempo, tão sedutores e perturbantes. Por aqui, felizmente, os anjos há muito que se transformaram em demónios.
Caros amigos, está encontrado um dos álbuns do ano.
UPDATE 5 Out. - Comentário aos...comentários: Caros amigos, já percebi que este disco vai dividir opiniões. É normal que assim seja. Pela parte que me toca, cada vez que o ouço mais certezas tenho que este é mais um grande disco dos Depeche Mode. Agora, atenção, não é um disco fácil. Em particular para aqueles que, se calhar, preferiam canções pop mais redondinhas e reencontrar por aqui as mesmas sonoridades quentes e confortáveis exibidas em discos como "Ultra" e "Exciter". "Playing The Angel" é, em alguns momentos, um disco duro e rugoso. Salvo uma ou outra excepção, não são muitas as canções que entram à primeira no ouvido. Não se deixem enganar pelo single "Precious", essa sim, uma canção Depeche Mode "vintage". O resto do disco exige muito mais disponibilidade e tempo de digestão.
Enfim, compreendo que uns gostem e outros não. Compreendo que uns esperassem outra coisa e que fiquem desiludidos. Só não aceito que me venham com a desculpa fácil de que "é mais do mesmo, blá, blá, blá..." Porque, não é! De todo. "Mais do mesmo" seria fazer um disco seguindo as mesmas coordenadas dos já citados "Ultra" ou "Exciter", dois excelentes discos, é certo, mas longe, muito longe de obras-primas como "Violator", "Black Celebration" e "Songs Of Faith And Devotion" (penso que essa é uma opinião concensual entre os fãs da banda....). Se escutarem com atenção, verão que este "Playing The Angel" anda lá perto...