Post-It | 2 ANOS DE "MEMÓRIAS E SONHOS POP COM OS OUVIDOS NO FUTURO"


Completam-se esta semana dois anos desde que o PLANETA POP foi emitido pela primeira vez na RADAR, pelo que resolvi falar-vos um pouco do programa, da sua génese e do que ele significa para mim.

Foram dois anos que passaram a voar. Parece que foi ontem que, do nada, sem esperar, recebi uma mensagem do Pedro Ramos a convidar-me para levar o Planeta Pop para a Radar. Não queria acreditar. E durante algum tempo não acreditei mesmo. Demorei algumas horas a digerir tão honroso convite. Que acabei por aceitar, claro. Como podia recusar?

Bem...na verdade, até podia. Motivos para o fazer, não faltavam: não tinha grande experiência em rádio (no currículo, apenas uma "brincadeira" numa rádio local, que durou 6 meses, em 1994), não tenho aquilo a que se chama "uma voz de rádio" (ainda hoje, odeio ouvir-me na telefonia), não reconheço em mim dotes de "comunicador" e, entre as minhas "obrigações" profissionais e pessoais, não dispunha de muito tempo para embarcar numa aventura desta grandeza. 

De qualquer forma, e porque tenho este feitio (ou será defeito?) de, por vezes, agir mais com o coração do que com a cabeça, de atirar-me às coisas de um forma quase irracional, sem pensar muito nas consequências, acabei por aceitar o desafio. 

E que desafio. Fazer rádio, numa estação como a Radar, recheada de gente tão capaz e profissionais com tantas provas dadas, intimida qualquer um, em especial um novato como eu. A responsabilidade era enorme. Ainda é. Todas as semanas. Mas o Pedro tudo fez para que o arranque do programa corresse sem sobressaltos. Pôs-me à vontade, deu-me carta branca para decidir todos os aspectos relacionados com o show: conceito, formato, conteúdos, produção...tudo. Por outras palavras: confiou em mim. Como se não bastasse, ainda teve a gentileza de fazer o melhor "indicador" que se pode pedir para um programa de rádio. Um privilégio. 


E assim, às 23 horas do dia 12 de fevereiro de 2012, depois de uma frenética corrida contra o tempo, nasceu o Planeta Pop. 


Apesar de ter sido uma emissão gravada (como são todas, ou não fosse este um programa que leva até ás últimas consequências o "espírito DIY" ), os nervos eram evidentes e audíveis. O medo de falhar era tão grande que assim que abria o microfone, parecia um robot a falar. Sentia-me tenso e inseguro. O que ainda acontece, consigo é disfarçar melhor...eheheh... Não sou um "homem da rádio". Gostava, mas não tenho esse talento, essa capacidade. Faz-se o que se pode e o que se sabe.


Felizmente para mim, com o tempo fui-me apercebendo que os ouvintes do Planeta Pop não ouvem o programa para me ouvir a mim, mas para ouvir a música que por lá passa. Porque quero acreditar que, no Planeta Pop, é a música que faz toda a diferença


O programa sempre teve uma identidade vincada. Quem sintoniza o Planeta Pop, sabe com o que pode contar. Sabe que este é um espaço que privilegia a partilha e divulgação da Pop de matriz electrónica em todas as suas vertentes, embora com maior ênfase em géneros como a synth-pop, cold-wave, disco, new wave e electro. Mas sabe também que aqui nunca se vira a cara às guitarras, em especial aquelas que derivam do punk, do pós-punk, do glam-rock e do indie-rock dos 80s. No Planeta Pop há sempre espaço para uma boa canção. Venha ela de onde vier. 

Dois anos e 80 emissões depois, continua a ser um privilégio fazer parte da família Radar. Mesmo que à distância. Sinto a Radar como sendo a "minha" rádio.


Todas as semanas procuro estar à altura das responsabilidades (a Radar tem ouvintes exigentes) e corresponder à confiança que o Pedro Ramos depositou em mim. Não é fácil. Fazer este programa dá uma trabalheira desgraçada. E consome grande parte do meu tempo "livre". Pensar, preparar, gravar e editar duas horas de rádio que, pelo menos na minha cabeça, têm de ser "especiais" e "perfeitas", é muito trabalhoso. 

Para ser honesto, depois do nascimento do meu segundo filho, conseguir fazer este programa todas as semanas, nas circunstâncias em que ele é feito, é uma verdadeira proeza (na verdade, há alturas em que é mais um milagre que uma proeza...). Mas apesar de todas as condicionantes (e são mais do que aquelas que possam pensar), fazer o Planeta Pop é, de há dois anos para cá, um dos meus maiores prazeres. Ouvir o produto final, todos os fins-de-semana, na telefonia, dá-me um gozo dos diabos. É mágico. É como um sonho tornado realidade. Obrigado, Pedro. Obrigado, Radar. OBRIGADO A QUEM NOS OUVE!



P.S: Não podia assinalar este aniversário sem mencionar o PAULO LIZARDO, o meu "velho" amigo e companheiro de viagem desde o primeiro dia. A sua sabedoria e as suas sugestões musicais são preciosas e uma mais valia para o programa. O Planeta Pop não seria o mesmo sem ele. Obrigado, Lizard King!