OPTIMUS ALIVE 2013 | 2º dia

Por todas as razões e mais alguma, eram altas as minhas expectativas para o concerto dos DEPECHE MODE, no Optimus Alive. 
Em primeiro lugar, porque são uma das minhas bandas favoritas de sempre (e que novidade vos estou a dar...eheheh...) e dessas, espera-se sempre o melhor. Depois, porque a rapaziada de Basildon, desde muito cedo que se afirmou com uma das melhores bandas ao vivo do planeta.

Mas se as expectativas eram altas, o grupo soube estar à altura e ofereceu às quase 40 mil almas que enchiam o recinto, um concerto para recordar durante toda uma vida.

O espectáculo começou com se esperava, com os Depeche Mode a darem-nos as boas vindas ao seu mundo com "Welcome To My World", o tema que abre o novo "Delta Machine".
A seguir, em vez de começar logo a disparar um dos seus muitos clássicos, a banda não facilitou e optou por mais um tema do último disco, o rugoso "Angel". 

O primeiro hit da noite veio ao terceiro tema, com "Walking In My Shoes", uma canção que soa tão fresca hoje como há 20 anos, no concerto da Devotional Tour, em Alvalade. As massas agitaram-se e responderam com igual entusiasmo à chegada de "Precious", a gema pop de "Playing The Angel". 

Seguiu-se uma primeira investida num passado mais longínquo com "Black Celebration", uma das preferidas dos fãs. E, pelos vistos, também  da própria banda, que não se desfaz dela. Desde a sua saída, em 1986, que tem sido presença regular nos alinhamentos dos concertos do grupo.  Nós agradecemos a gentileza.

Depois começou o desfile de clássicos. 

Pelo meio, mais três temas de "Delta Machine": "Should Be Higher", "Heaven" e o mais recente single, o carnívoro "Soothe My Soul".

A surpresa da noite chegou com "Shake The Disease". 
Quando todos esperavam uma versão "despida" de "Judas", Martin Gore trocou-nos as voltas e resolveu brindar-nos com uma versão "ao piano" deste velho clássico de 1985, que nunca perdeu o seu esplendor Pop. 
"Shake the Disease" acabou por protagonizar um dos momentos mais arrepiantes e intensos da noite. 

Para trás, tinham ficado ainda  "Policy Of Truth" e "Barrel Of A Gun".

Antes do intervalo, mais uma sequência demolidora, que começou com um galopante "Question Of Time" e passou pelos inevitáveis "Enjoy The Silence" e "Personal Jesus", presenças obrigatórias em todos os concertos do grupo, mas que a banda tem sabido reinventar em cada digressão. 

A primeira parte do concerto acabava assim de forma apoteótica.

O encore abriu, uma vez mais, com Martin Gore em modo minimalista, a interpretar "Home", provavelmente, a melhor canção que o grupo gravou após "Songs Of Faith And Devotion". Sempre que o faz neste registo, Gore assina um dos momentos da noite. Desta vez, não foi diferente. Mágico! 

Dave Gahan voltou ao palco para se atirar a "Halo", que surgiu com uma nova roupagem, inspirada na excelente remistura que os Goldfrapp fizeram para este tema, em 2004. 
Outra opção inteligente, que resulta num dos momentos mais intensos e arrebatadores do alinhamento desta "Delta Machine Tour".

A festa regressou a Algés com "Just Can't Get Enough", numa versão pujante e saltitona, que transformou o Alive numa gigantesca pista de dança.
Quando muitos esperavam um novo hit dançante do calibre de um "Behind The Wheel", um "Strange Love" ou até um "It's No Good", eis que a banda voltou a seguir um caminho menos óbvio, optando por mergulhar na rugosidade electro-industrial de "I Feel You". 

Para o final, estava guardado o inevitável "Never Let Me Down Again", que foi acompanhado pelos habituais movimentos ondulantes dos braços do público, uma coreografia que se repete em todos os concertos da banda, desde o histórico "101". 
Foi o fim de festa perfeito para um concerto que chegou a roçar a perfeição.

Em Algés, vimos uns Depeche Mode no pico da sua forma, uma bem lubrificada e afinadíssima máquina Pop, que tem consciência do(s) seus(s) público(s) e daquilo que deles se espera. 

Evidências: Dave Gahan continua a ser o melhor frontman do mundo, Martin Gore o tipo mais "cool" do universo e Andrew Fletcher o melhor "bate-palmas" da Pop.

Uma última palavra para os filmes e para os quadros visuais criados por Anton Corbin para esta digressão, que são, provelmente, os melhores desde "Devotional Tour", a digressão que trouxe os Depeche Mode pela primeira vez a palcos nacionais, no dia 11 de julho de 1993. 
Eu estive lá, há 20 anos, na primeira fila. 
Desta vez, estive um pouco mais atrás, mas com a mesma devoção. Voltem sempre, rapazes!





No sábado, todas as minhas atenções se concentraram nos Depeche Mode, mas ainda tive possibilidade de assistir ao concerto dos EDITORS, uma das mais interessantes bandas rock surgidas na década dos 00s. 

Infelizmente, a banda de Tom Smith parece ter perdido o fulgor e a intensidade de outros tempos. As novas canções também não ajudam. Ainda assim, deram um concerto esforçado que conquistou os aplausos efusivos de alguns fãs mais dedicados que se concentraram junto ao palco. 
Pela minha parte, apesar de ter vibrado com as bombas "pós-pós-punk" "Munich", "Bones", "An End As A Start" e "Papillon", achei o concerto algo morno e sem chama. Mas pode só ter sido impressão minha...